Temos como objetivo a reconstrução de imaginários acerca dos corpos negros na dança contemporânea, e como compromisso, ser fieis ao pensamento estético e ideológico da companhia, calcado em uma pesquisa que valoriza:

o diálogo entre manifestações afro-indígenas brasileiras e a dança contemporânea e as diferentes manifestações negras originadas a partir das diásporas negras forçadas e voluntárias ao redor do mundo e através dos tempos. O pensamento da Cia Pé no Mundo se relaciona com a circularidade ou não circularidade dos corpos negros, suas condições e ações em outros lugares que não só no Brasil. As diásporas negras africanas fizeram com que nós passássemos a estar em todos os lugares do mundo, não sendo nem mais "só" negros africanos e nem negros alienados quanto à sua ancestralidade em uma nova cultura e/ou território desafiador. Entendemos que como bailarinos negros e brasileiros, temos diversos referenciais culturais,corporais e artísticos muitas vezes não abordados nos estudos oficiais e formações profissionais de dança. Para nós, essas referências podem e devem ser fonte de pesquisa,criação e construção corporal técnica. Neste sentido, buscamos referenciais que se relacionem com a nossa identificação ancestral.

Nossa intenção é contribuir para a desmistificação de manifestações culturais afro-indígenas brasileiras, valorizando-as como elementos possíveis para a concepção da arte contemporânea, e despertar no público o interesse e a necessidade de reconhecer narrativas históricas das diferentes vivências e corpos negros. Por meio da linguagem da dança, queremos materializar contemporaneidades e tornar possíveis novos imaginários sobre passados, presentes e futuros negros na dança e no mundo. Em nossos trabalhos, desenvolvemos pesquisas em dança e também em outros campos, como as teorias da linguagem, a literatura, a história, a sociologia e comunicação. Para a realização de nossos projetos, convidamos diferentes artistas e estabelecemos diversas parcerias com profissionais da dança e outras áreas dos estudos culturais e sociais.

Cláudia Nwabasili e Roges Doglas

Cláudia Nwabasili e
Roges Doglas

Idealizadores, diretores e coreógrafos

Cláudia Nwabasili e Roges Doglas são os idealizadores e diretores da Cia Pé no Mundo. Companhia fundada na busca por representatividade negra no cenário da dança contemporânea. Sua linguagem de dança se baseia em pesquisas práticas e teóricas sobre o diálogo entre manifestações afro-indígenas brasileiras com a dança contemporânea.
Com uma formação em dança muito diversificada Cláudia Nwabasili e Roges Doglas, tiveram a oportunidade de estudar com artistas de companhias como Francesca Harper (Alvin Ailey American Dance Theater e Forsythe Company), Marta Coronado (Cia. Rosas - Anne Teresa de Keersmaeker), Teresa Navarrete (conservatório de Dança de Sevilha/Espanha), Shelley Senter (Cia Trisha Brown), Ko Murobushi entre outros. Juntos percorreram diversos países como Argentina, Áustria, Espanha, França, Portugal e Rússia. Atuando como bailarinos também trabalharam com Antonio Nóbrega, Ismael Ivo, Ivaldo Bertazzo, Fernando Lee,Maxine Happener, Né Barros, Pablo Sansalvador, Sidi Larbi Cherkaoui, Tati Sanchis, Tino Sehgal entre outros.
Em 2022 desenvolveram um projeto-pesquisa na residência artística Cité Internationale des Arts em Paris, por meio do projeto Brasil Cena Aberta em parceria com a Prefeitura de Paris e o Consulado da França.

Mariana Queen Nwabasili

Colaborações

Mariana Queen Nwabasili é jornalista e pesquisadora, doutoranda e mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP. Interessada nas conexões entre Cinema, Comunicação, História e Ciências Sociais, pesquisa representações e recepções cinematográficas vinculadas a raça, gênero, classe e (de)colonialidade, sobretudo no cinema brasileiro. Escreve ensaios e análises críticas sobre Teatro e Cinema. Atuou como colaboradora da Pé no Mundo desde o início da Cia, em 2011, tendo sido coidealizadora e pesquisadora-facilitadora da parte verbal do grupo de estudos teórico-prático “A miscigenação brasileira: do social ao cultural”, vinculado ao projeto “Paramulambo”, contemplado pelo Programa VAI da Prefeitura de São Paulo em 2010 e coidealizadora e pesquisadora-facilitadora da parte verbal das duas edições do grupo de estudos teórico-prático “Dança afro-brasileira: Da tradição à contemporaneidade”, a primeira vinculada ao projeto “Arquivo Negro – Passos largos em caminhos estreitos” e a segunda, ao projeto “Traduções simultâneas: corpo, música e pensamento complexo”, no qual também atuou como assistente de direção na remontagem do espetáculo “Arquivo Negro” para circulação no Brasil e no exterior; ambos os projetos foram contemplados pelo Fomento à Dança do Município de São Paulo em 2017 e 2019 respectivamente. Neste último, também atuou como pesquisadora, coidealizadora, corroterista e codiretora da websérie “Traduções simultâneas: corpo, música e pensamento complexo”, indicada ao Prêmio APCA Dança 2020 e vencedora do prêmio Denilton Gomes 2020 da Cooperativa Paulista de Dança. Em 2022, atua como pesquisadora-facilitadora do grupo de estudos “Saberes em rede – Estudos Compartilhados”, vinculado ao projeto “Quenual - Trajetória e Criação", contemplado pelo Fomento à Dança do Município de São Paulo em 2021. Mais informações em:
https://marinwabasili.wixsite.com/textos