As reflexões do nosso terceiro encontro dos Estudos Compartilhados SABERES EM REDE, seguem reverberando e pulsando.
Trazemos por aqui, um panorama dos assuntos abordados durante o encontro.

Como sempre mencionamos, a Cia Pé no Mundo assume em todas as atividades propostas e processos, a fruição e interdependência entre as linguagens artísticas e outras áreas dos estudos. Neste sentido, enquanto companhia, assumimos que para falar e compreender as danças, “saímos” delas e “voltamos” para elas. Para a elaboração e estruturação da nossa pesquisa de linguagem, nos debruçamos sobre diversos referenciais e nossos grupos de estudos são um fiel exemplo destes cruzamentos entre linguagens e áreas do conhecimento.

Neste encontro, partimos de uma importante autora que durante o processo de criação do mais recente espetáculo da Cia intitulado QUEÑUAL, foi guia para muitas reflexões e inspirações. Estamos falando de LÉLIA GONZALEZ.

Nascida em Belo Horizonte/MG em 1 de fevereiro de 1935 e falecida no Rio de Janeiro/RJ em 10 de julho de 1994. Lélia Gonzalez foi uma importante intelectual e ativista brasileira. Considerada a primeira mulher negra a se dedicar aos estudos de raça e gênero no Brasil, Lélia desenvolveu forte pesquisa e militância na área.
O legado de Lélia Gonzalez é enorme e essencial na construção filosófica, teórica e prática de movimentos antirracistas e feministas com posicionamento alinhado à luta de classes. Ainda que se inspirasse nos movimentos negros dos EUA, Gonzalez esteve muito atenta às especificidades da América Latina.

Justamente a partir deste ponto, nos lançamos aos estudos de Lélia Gonzalez, nos aproximando de termos como:
– Amefricanidade
– Améfrica Ladina
– Neurose cultural
– Pretuguês
– Denegação

No encontro III, com mediação/facilitação de Mariana Queen Nwabasili, iniciamos a leitura do texto “A Categoria Político-Cultural de Amefricanidade. GONZALEZ, Lélia. ” onde pudemos refletir juntos sobre estes termos, buscando contextualizá-los e principalmente relacioná-los às nossas vivências e cotidiano.

Na segunda etapa do nosso encontro, seguimos com o trabalho corporal orientado por Cláudia Nwabasili e Roges Doglas, onde a proposta foi justamente imergir em nossas memórias ancestrais e buscar através do corpo identificações e re-apropriação da cultura afro-indígena brasileira no território das Américas.

Partimos do estudo da manifestação cultural CABOCLINHO, que é uma das tradições mais antigas do Brasil, reunindo elementos da cultura cabocla em torno da memória e das referências dos povos indígenas e dos negros que habitaram e ainda vivem em Pernambuco.

Como porta de entrada neste vasto universo, no encontro III trabalhamos especificamente o ritmo PERRÉ. Sendo um ritmo mais lento e cadenciado entre as variações existentes no Caboclinho, propor o Perré como introdução, favorece a assimilação dos movimentos e corporeidade específica, com marcações e coordenações dos pés mais perceptíveis, assim como a identificação do baque/ instrumentos musicais que compõem o ritmo.
Estudamos o Perré, partindo da análise corporal das manobras de dança, desenvolvidas pelo grupo Caboclinho Sete Flexas de Recife.

O Caboclinho Sete Flexas foi fundado no dia 7 de setembro de 1971 pelo Mestre Alfaiate, no bairro de Água Fria. A tradição é mantida pela força familiar, sendo Paulinho Sete Flexas, filho do fundador Mestre Alfaiate, um dos principais puxantes do grupo.

Se interessou? Pesquise mais sobre essas importantes referências. VIVA LÉLIA GONZALEZ!
VIVA AMÉFRICA LADINA!
VIVA O CABOCLINHO BRASILEIRO!

Vale ressaltar que esta edição dos ESTUDOS COMPARTILHADOS SABERES EM REDE da CIA PÉ NO MUNDO, acontece através do Projeto QUEÑUAL- TRAJETÓRIA E CRIAÇÃO, contemplado pela 31a Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.

Seguimos em movimento! Caminhe conosco!

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